5.05.2006

VIII

VIII. Penso agora mais claramente as palavras que há pouco proferi. Porque o teu cheiro ainda habita o meu mundo. Porque a humidade lúcida dos teus lábios resiste ainda nos meus. Finjo-me afastado de ti e fujo aos teus olhos quando há mais gente à nossa volta. Então não sou eu. Nesses momentos sou a mentira, no que faço e no que digo. E tu calas os olhos, e o teu rosto mergulha em águas onde eu nunca me lavei. Despeço-me por hoje, e talvez para sempre, daqueles dias em que conheci unicamente o vazio. Encontrei-te e fiz-te em mim como um desejo que se quer ver desejado. Quero-te e pronuncio-te como o impossível conseguido. Com os olhos.